Neo Gêmini

Letras de Poesias - Século Agonizante (1999) [4]

SEGREDOS

São mistérios e enigmas
Não podem ser revelados
Conhecidos de uns poucos
Esconderijos reservados

Eternamente guardados
Para interesse geral
São triunfos de alguém
Razão oculta, arte especial

Segredos... secretos e íntimos
Do sexo, de família e Estado
Silêncio, cautela, discrição
Divulgação traz contravenção

Manobras e confidências empresariais
Excitam, as paredes com ouvidos reais
Emoções e cochilos são bloqueados
Molas escondidas, cofres aprisionados

Em segredo nasce um pacto
Egocêntrico ou plural
Sem testemunhas, confidencial
O destino poderá ser fatal?

MOTORES

Lindo, atraente
Moderno, geométrico
Caminhos ultrapassados
Rápido, elétrico

Status relativo
Conforto, necessidade
Transas excitantes
Paixões constantes

Armadura invisível
Super-ego realçado
Independência natural
Prazer alcançado

Direção moderada
Mobilidade, curtição
Álcool e drogas
Abismo, destruição

Movem os sonhos
Na velocidade da vida
Música: cúmplice de Diesel
Semi-controle está na visão

GV-7322

Faz parte do Cd "Grosso" (2003) do Grupo Pau com Arame


Agosto traz desgosto
Diz o ditado popular
Uma sexta-feira trágica
Me fez parar e mudar
Pra melhor ou pra pior?
Não sei o que falar

Passeava na deserta cidade
Todos foram para a festa
Uma vontade incessante
Desacatava a ordem paterna
Eu e outros três amigos
Fomos curtir um baile legal
Garota me excitava a mente
Quase parente, romance ilegal

Fusquinha "azul calcinha" na estrada
Estreita, rapidinha e perigosa
Um som maneiro, papo normal
Quarteto afinado, prosa fatal
Clarão no encontro com um caminhão
Em segundos, um choque fenomenal
Gritos, estilhaços, sangue no chão
Acabava de atropelar um burro animal

O eqüino amassou o carro, confusão total
Ele gemia semi-morto, assustando os colegas
Me levaram ensangüentado para o hospital
Médicos estavam no baile, voltei ao local
Ninguém encontrou o dono daquele animal
Morte passou, noite acabou, humor apareceu
A notícia virou um fato sensacional
Foi castigo de Pai, pois filho desobedeceu

CATÓLICOS PROTESTANTES

Navegar nas águas da vida
Buscando a felicidade eterna
Mundo material traz crueldade
Sexo, drogas desvirtuam a realidade

Presente já foi futuro
Em visão sincronizada
Direcionando uma trilha
Almejando aquela estrada

Experiências sustentam a caminhada
Infância sadia, puberdade valorizada
Conflitos internos, mente antenada
Idade da razão, longa jornada

Conviver com lixos urbanos
Prazeres nefastos necessários
Amigos perdem-se na contramão
Traumas liberados com rejeição

Protestar contra a falha humana
Um conceito católico relevante
Lutar contra um mal sacana
Recompensa divina gratificante

Duas divindades mantêm a luz
Lutando nas encostas da cruz
Uma deusa nascida na canção
Outra musa criada com imaginação

O MOFO (música de Marcos Martino)

Faz parte do cd "Oba" (2007), do Grupo Pau com Arame

Cabeças pensantes... desejos errantes...
Constantes sonhos imparciais
Um jogo de astúcias, palavras ambíguas
Em nome de paixões pessoais

A incredulidade se encontra presente
Desvia coisas tão naturais
Cooperativismo, reciprocidade
Em facções comportamentais

Caretas e loucos batalham nos hospícios
E os super-caretas prometem nos comícios
Grevistas e petistas jamais serão vencidos
Jamais serão extintos, jamais serão? Oh eh

As ricas jazidas, humanas moldadas
No gesso dos valores morais
A posse mais vale que a sobrevivência
Transcende o saber milenar

A humanidade respira o mofo
Do narcisismo ideológico
Comércio inútil, rivais idiotas
Disputam a atenção popular

Limpem, limpem, limpem as cabeças, acabem com o mofo
Limpem, limpem, limpem as gavetas, acabem com o mofo

RETRATO DE MINHA CIDADE

Minha terra pequenina
Foi plantada com riquezas
Encanto das colinas
Dentre montanhas verdejantes

Seu povo sempre honrado
Constituiu-te uma cidade
Escreve nas linhas do tempo
Sua história, sua identidade

Tem um povo generoso
De passado glorioso
Amante das artes e letras
Cultuando seus filhos com amor

Passeios defronte - pontos de encontro
Sala externa - sala de visitas
Longos bate-papos, assuntados de rotina
Jeito provinciano, retrato de Minas

Terra amiga, de braços abertos
Recebe o forasteiro, como gente de casa
Oferece suas ricas gentilezas
Lembrança eterna, retorno da paz

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